Na mesa “Narrativas da vida urbana: um bate-papo sobre o cotidiano e a escrita”
Neste primeiro dia da Bienal do Livro, São Paulo estava frio. Porém, o evento já começou cheio de calor humano. O público estava presente: muitas crianças, muitas escolas.
Dos nossos autores, o primeiro evento. A mesa “Narrativas da vida urbana: um bate-papo sobre o cotidiano e a escrita” foi composta por três pessoas que fazem literatura negra, periférica, a partir deste lugar: Cidinha da Silva, Sérgio Vaz e Elizandra Souza — conscientes da dificuldade de impor o seu olhar.
Foram falas consistentes que revelam que nenhum deles está disposto a fazer concessões para criar textos mais palatáveis.
“Muitas vezes os críticos encaixam as obras em receituários. As literaturas não-hegemônicas desafiam os críticos, que precisam enfrentá-las para produzir críticas mais amplas e respeitosas. Eu não nutro ilusões. Eu não negocio com o mercado o meu conteúdo e a minha linguagem. Por sorte eu não trabalho com nenhuma editora que me proponha negociatas”, disse Cidinha da Silva.
E o público está atento! Existe uma escuta que vem sendo trabalhada. A mesa, mediada por Camilla Dias — assistente social, criadora de conteúdo e mediadora de leitura — comprova essa constatação. Todos reconhecem: a representatividade preta na literatura brasileira é um caminho que está se consolidando.