Músico, historiador e escritor, que deixou de lado os carnavais no Salgueiro e na Vila Isabel para morar na tranquilidade de Seropédica, Baixada Fluminense. Nei Lopes é um dos grandes responsáveis pela exaltação da cultura negra na música popular brasileira.
E o samba e o subúrbio carioca são as principais personagens do romance A Lua triste descamba. Nei Lopes procurou retratar nos diálogos – com êxito – a linguagem comum, do dia a dia, de pessoas reais: linguagem falada coloquial, que pode ser diferente da escrita formal, sem por isso estar errada. É a fala de cariocas da primeira metade do século 20, moradores dos subúrbios, frequentemente iletrados ou com baixa escolaridade. Com seu vocabulário regional, sua pronúncia típica, suas construções de frase usuais. Nanal, Isaura, Arnô, Lelinho e Vanda serão alguns dos mestres de cerimônia nessa viagem ao coração da Cidade Maravilhosa e as interferências e transformações que o urbanismo produziu no cotidiano social carioca daquela época.
Mais do que simples entretenimento e memória da cidade, A Lua triste descamba é um registro, com valor sociológico, da linguagem usada no tempo, lugar e contexto social onde se passa a história. Cabe ao leitor se colocar na pele dos personagens, escutar e entender seu falar tão rico e saboroso.