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Na Mídia

Professora acusa diretora de escola em Macaé de perseguição

Publicada em 26 de Outubro de 2009

Extra online

Por Clarissa Monteagudo

 

 

Um livro sobre mitologia africana aplicado em sala de aula gerou uma guerra santa em Macaé. A professora de Língua Portuguesa Maria Cristina Marques acusa a direção do Colégio Municipal Pedro Adami, localizado no distrito de Córrego do Ouro, de persegui-la por levar para os alunos as histórias da cultura africana.

A docente está inscrita na pós-graduação em História da África e Cultura Afro-brasileira, curso de capacitação para o cumprimento da lei federal 10639/09 — que prevê o ensino da história da África nas escolas. A pós-graduação é promovida pela própria secretaria municipal de educação, com verbas federais. Em agosto, na nota “Sobrou para o saci”, a jornalista Berenice Seara revelou o drama da professora.

— Um aluno me indicou um livro fantástico e fui ver. Era “Lendas de Exu”. Levei para a sala de aula e a recepção dos alunos foi ótima. Eles fizeram cartazes caracterizando Exu não como se pensa, com chifres e rabo. Mas como o livro ensina, um personagem que faz traquinagens. As crianças adoraram. Exu é um orixá que é vida, caminho, luz. Na cultura africana, não tem nada a ver com diabo— explica a docente.

 

Ontem, a professora, que já denunciou o caso ao Ministério Público, recebeu a solidariedade de membros da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. Ela se reuniu com o frei católico Athaylton Jorge Monteiro Belo, a diretora executiva da Congregação Espírita Umbandista do Brasil, Mãe Fátima Damas. O professor Bernardo Sorj, membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos, emitiu nota de repúdio à discriminação.

 

Segundo Maria, após o episódio do livro, a diretora a afastou. Os alunos ficaram sem aula do dia 15 de setembro até semana passada, quando a Procuradoria do Município levou a professora de volta ao trabalho.
A secretaria municipal informou que o caso é isolado e espera o resultado do processo aberto pela procuradoria.